PREVALÊNCIA DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES NA CAVIDADE NASAL DE EQUINOS ASSINTOMÁTICOS PARA DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18066/revistaunivap.v26i52.2515

Palavras-chave:

Antibioticoterapia, multirresistência, resistência microbiana, saúde pública, equídeos.

Resumo

O uso da antibioticoterapia em animais, na maioria das vezes, ocorre de maneira desorientada, o que colabora para o aumento da resistência microbiana. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência de bactérias multirresistentes na cavidade nasal de equinos assintomáticos para doenças respiratórias. Foram coletadas amostras de swab nasal de 50 equinos assintomáticos para doenças respiratórias. As amostras foram semeadas em placas de Petri contendo ágar sangue e ágar MacConkey, incubadas em aerobiose e microaerofilia a 37ºC por 48 horas. As culturas puras foram submetidas à identificação segundo as características morfocoloniais, morfotintoriais e bioquímico-fisiológicas convencionais. Também foi realizada a verificação da susceptibilidade antimicrobiana in vitro e em seguida calculado o índice de resistência múltipla. Das amostras analisadas foram isolados Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase negativa, Streptococcus spp, Micrococcus spp, Enterobacter spp e Escherichia coli. O gênero Staphylococcus e Streptococcus demonstraram resistência total e intermediária a praticamente todos os antibióticos testados; o gênero Enterobacter aos β-lactâmicos, cefalosporinas, monobactam, quinolonas, anfenicóis, sulfozamidas, e aminoglicosídeos (amicacina e tobramicina); e E. coli aos β-lactâmicos, algumas cefalosporinas, monobactam, quinolonas, aminoglicosídeos, anfenicóis, sulfozamidas e tetraciclina. Todas as cepas analisadas apresentaram multirresistência.  Conclui-se que equinos hígidos sem alteração respiratória, possuem microrganismos com potencial patogênico em suas fossas nasais. Além disso, o alto índice de resistência microbiana é preocupante e serve de alerta para o possível uso indiscriminado de antibióticos, o qual pode afetar a saúde animal e dos seres humanos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AIELLO, G. et al. Determinação dos índices de infecção hospitalar em um centro cirúrgico universitário veterinário de pequenos animais. Acta Scientiae Veterinariae, v. 35, n. 2, p. 354s-356s, 2007.

ARIAS, M. V. B.; MAIO CARRILHO, C. M. D. Resistência antimicrobiana nos animais e no ser humano. Há motivo para preocupação? Semina: Ciências Agrárias, v. 33, n. 2, p. 775-790, 2012.

BAUER, A.W. et al. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. American Journal Clinical Pathology, v. 45, n. 4, p. 493-496, 1966.

BORBA, M. R. Resistência a antimicrobianos criticamente importantes à saúde humana em populações bacterianas de animais de produção criados no Brasil, 2008 a 2017. 2018. 43 f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.

BRAGA, A.C.P.V. et al. Boas práticas. 2008. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo4/objetivos.htm. Acesso em: 20 mar. 2020.

BRAGA, I. A. Úlcera por pressão como reservatório e fonte de infecção por bacilos gram-negativos em pacientes internados em um hospital de nível terciário e em residentes de instituições de longa permanência para idosos. 2011. 93f. Mestrado (Dissertação) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Portaria N.° 3.214, 08 de junho de 1978. “Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho”. Diário Oficial, Brasília,1978.

CARNEIRO, V.C. et al. Virulence, resistance, and genetic relatedness of Escherichia coli and Klebsiella sp. isolated from mule foals. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. v. 69, n. 5, p. 1073-1082, 2017.

CARTER, M. E. et al. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artimed, 2005.

CARVALHO, L.C.A. et al. Ocorrência de Staphylococcus spp. resistente à meticilina em otite externa canina. RBAC, v. 51, n. 4, p. 342-347, 2019.

CASTELLANO-GONZALEZ, M. et al. Frecuencia y resistencia antimicrobiana en Staphylococcus. Kasmera, v. 46, n. 1, p. 26-39, 2018.

CAVALCANTI, S. M. M. et al. Estudo comparativo de Staphylococcus aureus importado para as unidades de terapia intensiva de hospital universitário, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Epid., v. 9, n. 4, p. 436-446, 2006.

CLARK, C. et al. Bacterial isolates from equine infections in western Canada (1998-2003). Can. Vet. J. v. 49, n. 2, p. 153-160, 2008.

CLSI. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance standards for antimicrobial susceptibility testing. Twenty-second Informational Suplement M100- s22, Wayne, v. 32, n. 3, p. 1-184, 2012.

COSTA, G.M. et al. Population diversity of Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis in Brazilian dairy herds. J. Research in Veterinary Science, v. 93, n. 2, p. 733–735, 2012.

DARIEN, B. J. et al. Tracheoscopic techique for obtaining uncontaminated lower airway secretions for bacterial culture in the horse. Equine Veterinary Journal, v. 22, n. 3, p. 170-173, 1990.

DUARTE, R. R. Perfil bacteriológico de biópsia pulmonar e lavado traqueobrônquico de equinos sadios mantidos em sistema extensivo e estabulado. 2007. 102f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007.

FARIÑA, N. et al. Staphylococcus coagulasa-negativa clínicamente significativos: Especies más frecuentes y factores de virulencia. Rev. Chil. Infectol. v. 30, n. 5, p. 480-488, 2013.

FERNANDES, A. T.; VAZ FERNANDES, M. O.; RIBEIRO FILHO, N. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.

FERNANDES, W. R. et al. Achados microbiológicos do lavado traqueobrônquico de equinos clinicamente sadios e daqueles portadores de afecções do sistema respiratório atendidos no HOVET, USP. ARS Veterinaria, v. 27, n. 2, p. 73-79, 2011.

FERREIRA, A. M. et al. Avaliação da desinfecção de superfícies hospitalares por diferentes métodos de monitoramento. Rev. Latino- Am. Enfermagem, v. 23, n. 3, p. 466-474, 2015.

FRACAROLLI, I.F.L.; OLIVEIRA, A.S.; MARZIALE, M.H.P. Colonização bacteriana e resistência antimicrobiana em trabalhadores de saúde: revisão integrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 30, n. 6, p. 651-7, 2017.

GADE, N.; QAZI, M. Fluoroquinolone Therapy in Staphylococcus aureus Infections: Where Do We Stand? J Lab Physicians, v. 5, n. 2, p. 109–112, 2013.

GONÇALVES, S. et al. Perfil de resistência a antibióticos de Escherichia coli produtorase não produtoras da toxina shiga. In: SIMPÓSIO INIAV PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR RUMO À ALIMENTAÇÃO DO FUTURO, 1., 2019. Anais..., Portugal, 2019.

HOLBROOK, T. C. et al. Toxic shock syndrome in a horse with Staphylococcus aureus pneumonia. J. Am.Vet. Med. Assoc, v. 222, n. 5, p. 620-623, 2003.

KLEVENS, M. et al. Staphylococcus aureus resistente a meticilina asociado a la comunidad y factores de riesgos para la salud. Emerg Infect Dis, v. 12, n. 12, p. 1991–1993, 2006.

KRUMPERMAN, P. H. Multiple Antibiotic Resistance Indexing of Escherichia coli to Identify High-Risk Sources of Fecal Contamination of Foods. Applied and Environmental Microbiology, v. 46, n. 1, p. 165-170, 1983.

LIMA, J.K.S.; VEIGA, W.A. Identificação das bactérias responsáveis pelas ITU e seu perfil de resistência aos principais fármacos utilizados no tratamento. Revista Interdisciplinar do Pensamento Científico, v. 4, n. 3, p. 426-432, 2018.

LLARRULL, L.; FISHER, J.; MOBASHERY, S. Molecular Basis and Phenotype of Methicillin Resistance in Staphylococcus aureus and Insights into New β-Lactams That Meet the Challenge. Antimicrob Agents Chemother, v. 53, n. 10, p. 4051-4063, 2009.

MANZOOR, S. et al. Occurrence of Lancefiel group C streptococcal species in strangles cases of foals in Punjab, Pakistan. Pakistan Veterinary Journal, v. 8, n. 1, p. 17-20, 2008.

MARCO, F. Infección por Staphylococcus aureus resistente a la meticilina. Gastroenterol Hepatol Contin. v. 3, n. 3, p. 134-137, 2004.

MESQUITA, A.A. et al. Prevalence and antibiotic resistance of Staphylococcus aureus and Streptococcus agalactiae in family-owned dairy herds in the state of Minas Gerais, Brazil. Vet. Not., v. 25, n. 2, p. 186-205, 2019.

MILLER, M. A. et al. Pulmonary botryomycosis in a Scottish highland steer. J. Vet. Diagn. Invest. v. 13, n. 1, p. 74-6, 2001.

MONTEIRO, L.G.; ZYBAN, T.F.; SIDAT, M.M. Padrão de sensibilidade aos antimicrobianos de enterobacteriaceae isoladas no hospital central de Maputo, Moçambique 2009-2010. Rev Cient. UEM: Série Ciênc Bioméd Saúde Pública, v. 1, n. 1, p. 7- 13, 2015.

MORALES, G.; YANETH, M.; CHÁVEZ, K. Caracterización de la resistencia in vitro a diferentes antimicrobianos en cepas de Staphylococcus spp. en una institución hospitalaria de la ciudad de Valledupar entre enero y julio de 2009. Rev. Cienc. Salud., v.1 0, n. 2, p. 5-13, 2012.

MOTA, F.S.; OLIVEIRA, H.Á.; SOUTO, R.C.F. Perfil e prevalência de resistência aos antimicrobianos de bactérias Gram-negativas isoladas de pacientes de uma unidade de terapia intensiva. RBAC, v. 50, n. 3, p. 270-277, 2018.

NAKAZATO. G. et al. Virulence factors of avian pathogenic Escherichia coli (APEC). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n. 7, p. 479-486, 2009.

NOEL, C.C. et al. Perfil de suscetibilidade antimicrobiana e produção de “slime” de isolados de Staphylococcus spp. provenientes de casos de mastite bovina na região sul-fluminense. Revista de Saúde, v. 7, n. 1, p. 22–26, 2016.

OLIVEIRA, S. N. Prevalência de Staphylococcus aureus em jalecos de graduandos e profissionais da saúde na Universidade Federal de Uberlândia. 2019. 29f.Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2019.

PANSANI, A.M. et al. Prevalência e resistência a antibióticos de (Streptococcus equi) da cavidade nasal de equinos hígidos no município de Fernandópolis, São Paulo, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica, v. 10, n. 2, p. 144-149, 2016.

PERAZZI, B. et al. Staphylococcus aureus: nuevos y antiguos antimicrobianos. Rev Argent Microbiol.; v. 42, n. 3, p. 199-202, 2012.

PINHEIRO, T.R.; COITINHO, G.N.; STOPIGLIA, C.D.O. Perfil de sensibilidade de enterobactérias isoladas de carne bovina comercializadas na cidade de Uruguaiana. In: SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – SIEPE, 9., 2017. Anais..., Santana do Livramento, 2017. p. 1-7.

QUIN, P. J. et al. Microbiologia Veterinária Essencial. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

RACKLYEFT, D. J.; LOVE, D. N. Bacterial infection of the lower repiratory tract in 34 horses. Australian Veterinary Journal, v. 78, n. 8, p. 549-559, 2000.

ROBINSON, N. E.; SPRAYBERRY, K. A. Current therapy in equine medicine. 6. ed. St Louis: Saunders Elsevier, 2009.

SANTOS, L.C.P.; MICHELOTTO-JÚNIOR, P.V.; KOZEMJAKIN, D.A. Achados endoscópico e citológico das vias respiratórias de potros puro sangue inglês em início de treinamento no Jóquei Clube do Paraná. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia Unipar, v. 10, n. 1, p. 9-13, 2007.

SAWANT, A.A.; GILLESPIE, B.E.; OLIVER, S.P. Antimicrobial susceptibility of coagulase-negative Staphylococcus species isolated from bovine milk. Veterinary Microbiology, v. 134, n. 1-2, p. 73-81, 2009.

SCHOSTER, A. et al. Longitudinal study of Clostridium difficile and antimicrobial susceptibility of Escherichia coli in healthy horses in a community setting. Vet. Microbiol, v. 159, p. 364-370, 2012.

SFACIOTTE, R. A. P. et al. Descrição de cepas bacterianas multirresistentes isoladas de equinos. Revista de Ciências Veterinárias e Saúde Pública, v. 1, supl. 1, 2014.

SILVA, E. R. Perfil de sensibilidade antimicrobiana in vitro de Staphylococcus aureus isolado de mastite subclínica bovina. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 3, p. 701–711, 2012.

SILVA, J. R. Avaliação da virulência e susceptibilidade a antibióticos em Streptococcus agalactiae isolados de mastite bovina de rebanhos brasileiros. 2015. 83f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2015.

SILVA, N. A. A lavagem traqueal e a lavagem broncoalveolar como métodos de diagnóstico da doença respiratória em equinos. 2011. 117 f. Tese (Doutorado) - Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2011.

SOARES, G.G. et al. Biofilm production and resistance profile of Enterobacter sp. strains isolated from pressure ulcers in Petrolina, Pernambuco, Brazil. J Bras Patol Med Lab. v. 52, n. 5, p. 293-298, 2016.

SOARES, J.H.R. et al. Identificação microbiológica e perfil de resistência a antimicrobianos em crianças hospitalizadas. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped. v. 17, n. 2, p. 57-63, 2017.

TORRES, M.C. Resistência antimicrobiana em populações animais e seu impacto na saúde pública: uma revisão da literatura. 2019. 48f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.

UMBER, J.K.; BENDER, J.B. Pets and antimicrobial resistance. Veterinary Clinics North America. Small Animal Practice, v.39, n.2, p.279-292, 2009.

VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de Infectologia. Rio de Janeiro: Atheneu; 2005.

WEESE, J. S. et al. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus in horses at a veterinary teaching hospital: frequency, characterization, and association with clinical disease. J. Vet. Intern. Med. v. 20, n. 1, p. 182-186, 2006.

WEESE, J.S.; VAN DUIJKEREN, E. Methicillin resistant Staphylococcus aureus and Staphylococcus pseudointermedius in veterinary medicine. Veterinary Microbiology, v. 140, n. 3, p. 418-429, 2010.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global priority list of antibioticresistant bacteria to guide research, discovery, and development of new antibiotics, p. 1-7, 2017.

Downloads

Publicado

2020-12-18

Como Citar

Souza, K. L. da S., Fuzatti, J. V. S., Camargo, R. C., Pinto, M. dos S., Silva, T. K., & Frias, D. F. R. (2020). PREVALÊNCIA DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES NA CAVIDADE NASAL DE EQUINOS ASSINTOMÁTICOS PARA DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. Revista Univap, 26(52), 107–123. https://doi.org/10.18066/revistaunivap.v26i52.2515

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)